sábado, 16 de outubro de 2010

Afinal, o que é notícia?

Mesmo com todos os avanços dos veículos de comunicação e as novas formas de difusão, como a internet, por exemplo, o clássico conceito do que é notícia permanece o mesmo: um cachorro morder o homem é normal. Quando o homem morder o cachorro, é notícia.
UNIÃO METROPOLITANA LONDRINENSE – UMP
CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
DISCIPLINA: Labjor III
PROFESSOR: EDENILSON DE ALMEIDA

Mesmo com todos os avanços dos veículos de comunicação e as novas formas de difusão, como a internet, por exemplo, o clássico conceito do que é notícia permanece o mesmo: um cachorro morder o homem é normal. Quando o homem morder o cachorro, é notícia. Ciro Marcondes Filho cita Umberto Eco, que“certa vez declarou que a nossa noção de notícia ainda é baseada no privilégio do anormal, no interesse que temos nos saltos bruscos de estado a que somos submetidos na vida cotidiana. Ela é o reflexo de uma procura contínua pelo novo, pelo diferente. (...) É o extraordinário que vale como notícia, mas nem todo o extraordinário”. A notícia é a matéria prima e a base do jornalismo. É dela que surgem as mais diversas matérias, independentemente de ser um jornal impresso, rádio ou televisão.
“A notícia é o gênero jornalístico básico. A sua razão de ser é a informação dos fatos. Normalmente é curta, pois, quando a matéria o justifica dá lugar a uma reportagem, artigos, inquéritos ou subdivide-se em várias peças”. A palavra notícia vem do latim “nova””. Charnley a define como “a informação corrente dos acontecimentos do dia, posta ao alcance do público”.

São os meios de comunicação que transformam os fatos em notícias levando-as ao público. Clóvis Rossi esclarece com propriedade o que é jornalismo:“Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens. Mas uma batalha nem por isso menos importante do ponto de vista político e social, o que justifica e explica as imensas verbas canalizadas por governos, partidos, empresários e entidades diversas para o que se convencionou chamar veículos de comunicação de massa”. A notícia pode ser definida também como um registro da realidade social e um produto dela, já que proporciona aos consumidores das notícias uma abstração seletiva desenhada de forma tal que tenha coerência, apesar dos eventuais descuidos com alguns detalhes. Ela, a notícia, está definindo e redefinindo, constituindo e reconstituindo permanentemente os fenômenos sociais.“A notícia é um produto de uma instituição social e está ligada em suas relações com outras instituições. É um produto de profissionais que se arrogam o direito de interpretar o que ocorre a cada dia aos cidadãos e outros profissionais.” Marcondes Filho, complementa:
“Notícia é a informação transformada em mercadoria com todos os seus apelos estéticos, emocionais e sensacionais; para isso a informação sofre um tratamento que a adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo. Além do mais, ela é um meio de manipulação ideológica de grupos de poder social e uma forma de poder político”. Nilson Lage define notícia, no jornalismo moderno como “o relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante”.

Deve-se invocar Marcondes Filho que, ainda, esclarece sobre a política da notícia:“A política da notícia tende a incentivar permanentemente a passividade, a acomodação e a apatia em seus receptores. (...) O tratamento que ela dá aos fatos, que como mitos ou signos, conduz em qualquer caso, à despolitização do real: é a apresentação dos fatos como algo unívoco, fechado, somente positividade, sem contradições; não há ambivalência, mas a disciplina e a adaptação ao modelo: são – enquanto desmontagens do real – confirmações do esperado, formas que encobrem a dialética e qualquer penetração inesperada além do visível. É uma organização do mundo não contraditória. O real o contraditório, é esvaziado, e, como conseqüência, o sistema reforça-se e é inocentado. O conflito, o polêmico, o questionador que existe em cada fato desaparece”. Juarez Bahia, que tem um dos livros mais utilizados nas escolas de comunicação e jornalismo, considera dizer que “notícia é tudo que o jornal publica” uma definição muito simplista. Ele destaca que notícia “é o modo pelo qual o jornalismo registra e leva os fatos ao conhecimento do público”. E complementa, não antes de considerar que toda notícia é uma informação, mas nem toda informação é uma notícia, que
“A notícia é a base do jornalismo, seu objeto e seu fim. Através dos meios do jornalismo ou dos meios da comunicação direta ou indireta, a notícia adquire conteúdo e forma, expressão e movimento, significado e dinâmica para fixar ou perenizar um acontecimento, ou para torná-lo acessível a qualquer pessoa. A notícia tem no jornalismo o seu instrumento mais organizado, mais competente, mais ágil e mais eficiente de difusão. O fato de que o jornalismo tem por finalidade primária informar tão amplamente quanto possível dá à notícia uma função tão social quanto a da mídia.”
Bahia esclarece ainda, que a “a moderna estrutura do jornalismo é ditada pela sua condição de disciplina científica que abrange uma teoria e uma prática, uma tecnologia própria”. E acrescenta:
“Nem sempre, porém, uma notícia se completa no ato do acontecimento. Ela depende de circunstâncias, complementos e pistas que só a subseqüente investigação irá revelar. E esse desdobramento, que é da sua natureza, quanto mais concentra a sua autenticidade, mas valoriza e qualifica o seu significado.” O autor finaliza afirmando que nem todas as informações que são apuradas e investigadas acabam sendo publicas. Bahia diz que a notícia passa por um processo natural de seleção com a finalidade clara de ajustá-la à hierarquia da difusão.
A notícia jornalística é condicionada pelos valores estabelecidos pelo mercado. Mantém relações de consumo entre a empresa de comunicação e o leitor, o anunciante e, no caso do Brasil, com o poder público vigente. Ela é um recorte da realidade, elaborado a partir de critérios culturais, políticos, sociais, de mercado etc.
Toda vez que a notícia chega ao leitor, telespectador ou ouvinte, ela passou por diversas avaliações. Desde a forma de abordagem sugerida pela pauta, à maneira como o assunto é conduzido pelo repórter até o acabamento final dado pelo editor. A idéia é que o selecionador das notícias edita o mundo a partir dos seus valores, crenças, interesses, formação cultural.
Fonte:http://www.sinistri.jex.com.br/labjor+iii/os+conceitos+de+noticia/

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